A primeira impressão do filme “O leitor” (EUA/Alemanha, 2008), do diretor Stephen Daldry, é de uma obra feita para concorrer ao Oscar. Digo isso porque as cenas iniciais dão a sensação de que o filme irá investir no drama fácil ou cair no comodismo de comover para se tornar um grande filme.
Esta impressão, no entanto, vai se diluindo nas sutilezas da trama. O primeiro indício disso é a forma como são abordados o nazismo e o analfabetismo. Nada de cenas de genocídio ou de passividade do analfabeto, o que vemos é uma leveza no trato destes temas. Até as cenas de sexo são de uma delicadeza e de uma beleza plástica que suavizam o assombro que poderia causar a relação sexual entre uma mulher (Hanna Schmitz, Kate Winslet) e um garoto (Michael, David Kross).
A relação entre Hanna e Michael, porém, não inicia com as acrobacias eróticas.
Eles se conhecem quando ele está em uma situação de fragilidade, o que passa a sensação de que se estabelecerá entre eles apenas uma relação maternal. Mas, aos poucos, o lado edipiano vai se desenvolvendo e a sensualidade e a afetividade vão marcando o ritmo dos encontros quase diários dos dois. Neste ponto, contudo, há uma outra reviravolta, a leitura passa a duelar com o sexo no romance dos dois. É aí que uma relação muito próxima da paternal aparece. Dessa vez, Hanna se torna mais frágil, mais emotiva, diante do universo estético que se descortina para ela por meio das mãos do leitor (o garoto).
A intertextualidade com a literatura, inclusive, é o que indica que nos grandes romances o herói sempre guarda um segredo. E é a revelação desse segredo unicamente para o público, e não para o restante dos personagens, que garante uma cumplicidade muito grande com o espectador.
Se por um lado a cumplicidade garante uma empatia forte com o espectador, por outro, ela me permite dizer que o ar de grandiloquência ainda permanece. Apesar disso, as sutilezas e, sobretudo, as reviravoltas e revelações dão a “O leitor” uma aura de grande filme (perdoe-me Benjamin, não o Button, mas o Walter).
Esta impressão, no entanto, vai se diluindo nas sutilezas da trama. O primeiro indício disso é a forma como são abordados o nazismo e o analfabetismo. Nada de cenas de genocídio ou de passividade do analfabeto, o que vemos é uma leveza no trato destes temas. Até as cenas de sexo são de uma delicadeza e de uma beleza plástica que suavizam o assombro que poderia causar a relação sexual entre uma mulher (Hanna Schmitz, Kate Winslet) e um garoto (Michael, David Kross).
A relação entre Hanna e Michael, porém, não inicia com as acrobacias eróticas.
Eles se conhecem quando ele está em uma situação de fragilidade, o que passa a sensação de que se estabelecerá entre eles apenas uma relação maternal. Mas, aos poucos, o lado edipiano vai se desenvolvendo e a sensualidade e a afetividade vão marcando o ritmo dos encontros quase diários dos dois. Neste ponto, contudo, há uma outra reviravolta, a leitura passa a duelar com o sexo no romance dos dois. É aí que uma relação muito próxima da paternal aparece. Dessa vez, Hanna se torna mais frágil, mais emotiva, diante do universo estético que se descortina para ela por meio das mãos do leitor (o garoto).
A intertextualidade com a literatura, inclusive, é o que indica que nos grandes romances o herói sempre guarda um segredo. E é a revelação desse segredo unicamente para o público, e não para o restante dos personagens, que garante uma cumplicidade muito grande com o espectador.
Se por um lado a cumplicidade garante uma empatia forte com o espectador, por outro, ela me permite dizer que o ar de grandiloquência ainda permanece. Apesar disso, as sutilezas e, sobretudo, as reviravoltas e revelações dão a “O leitor” uma aura de grande filme (perdoe-me Benjamin, não o Button, mas o Walter).