sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Inveja dos Anjos


Na quinta-feira, 27 de maio, a minha escolha para o quinto dia de Fenart foi a peça “A Inveja dos Anjos”, da Companhia Armazém, do Rio de Janeiro, apresentada às 20h, no Teatro Paulo Pontes do Espaço Cultural.

Três amigos discutindo sobre suas lembranças e suas histórias dolorosas, assim começa a peça. Cada uma dessas histórias tem um ponto em comum, não estão concluídas, embora todas sejam bem distintas: uma tem uma mãe louca, outro descobre que tem uma filha e uma terceira tem um passado misterioso.

“A inveja dos anjos” apesar de ter um texto denso, e algumas vezes, ser um pouco enfadonha, tem um humor inteligente que impede que ela caia num sentimentalismo exagerado.

Ela pecou, porém, pela falta de empatia dos atores em relação ao público e pelo tom de voz exagerado demais.

A peça, todavia, tem um figurino muito bonito e o cenário é impecável!



quinta-feira, 27 de maio de 2010

Espiral e Antônio Nóbrega










No quarto dia de Fenart, fugi da previsibilidade e troquei o Cine Bangüê pelo Teatro de Arena do Espaço Cultural. O espetáculo “Espiral – Brinquedo Meu”, apresentado pouco depois das 20h, no dia 26 de maio, é uma mistura de teatro, dança e música.

Primeira montagem solo do músico, ator e dançarino Hélder Vasconcelos, um dos criadores do grupo musical Mestre Ambrósio, “Espiral” tem como base a interação com o público e conseguiu arrancar muitas gargalhadas espontâneas da platéia.

O espetáculo, entretanto, funciona muito mais como jogo lúdico, como disse certa vez Tiago Germano a propósito de outra peça, que como obra.

Em outras palavras, a ausência de demarcação de fronteiras entre dança, teatro e música, deixa a peça sem densidade enquanto espetáculo.

Às 22h, foi a vez do show de Antônio Nóbrega. Desnecessário dizer que eu não consegui conter os movimentos involuntários dos meus pés, que insistiam em seguir a cadência do frevo, maracatu, forró e ciranda. Foi “a ofegante epidemia” fora de época!!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Depois da curva e durante o filme







No terceiro dia de Fenart, na terça-feira 25 de maio, optei, mais uma vez, por começar pelo cinema. Fui assistir, às 20h, ao curta “Depois da curva” (18’, Fic., Cor., PB) de Helton Paulino.

No filme, Paulo é um motorista de carro funerário que se depara com uma situação que vai desconstruir os seus conceitos. O curta fala de morte, de amor e, sobretudo, de como os sentimentos, repentinamente, podem se transformar ou se deixar perceber de outra forma.

A cena final, em que aparece apenas o concreto da estrada e as faixas de sinalização, é uma metáfora bem construída dessa ideia.

O segundo filme a ser exibido foi “Cabeça a prêmio”, primeira experiência em longa-metragem do ator Marco Ricca. (104’, Fic., 2010, RJ). Ele é uma adaptação do livro homônimo de Marçal Aquino, que por si só já tem uma narrativa bem cinematográfica, o que contou a favor do filme.

Quando a história de Miro (Fúlvio Stefanini) e Abílio (Otávio Muller), irmãos e prósperos pecuaristas da região do centro-oeste brasileiro, estava se delineando, o cantarolar de João Bosco já tinha invadido a sala do cine bangüê e eu decidi que queria ter minha primeira experiência auditiva bosquiana. Adorei a escolha!!

Para os que ficaram com vontade de saber mais sobre “Cabeça a prêmio”, segue uma colherzinha de chá: http://www.youtube.com/watch?v=4GcBD36ScMs

terça-feira, 25 de maio de 2010

Nem direita, nem esquerda


Ignorei por completo a enquete que lancei aqui e nem fiquei no cinema, pra ver “Utopia e barbárie”, nem fui ao teatro, assistir ao espetáculo “Revoada”, da cia Cisne Negro; optei pela apresentação de Jessier Quirino, às 21h, no palco 2 do Espaço Cultural.

Só posso dizer que os causos do Jessier estavam concorridíssimos. Não consegui pegar cadeira e passei a noite brincando de bailarina, tentando me equilibrar nas pontas dos pés.

Esquerda?

Escolhi a rampa esquerda e fui ver o curta Zé (s) (15’, Doc., 2009, RJ/DF), que foi exibido pouco depois das 20h, na segunda-feira, 24 de maio.

O filme costura as histórias de Zé Celso Martinez (Teatro Oficina de SP) e Zé Perdiz (Teatro Oficina do Perdiz) utilizando como linha o nome Oficina, para mostrar as diferenças e semelhanças entre os Zé (s). De um lado, o Zé-excêntrico, trabalhando na adaptação do clássico da literatura “Os sertões”, de outro, o Zé-simples, que transforma sua oficina mecânica à noite numa oficina de teatro. Essas diferenças têm uma funcionalidade interessante no filme, reforçam uma paixão em comum: o teatro.

O curta Zé (s) é vigoroso, mas carece de densidade pra explorar melhor os universos dos dois personagens. O espectador fica pedindo mais!



segunda-feira, 24 de maio de 2010

Direita ou esquerda?



Essa história de ser totalitária mas não onipresente cria alguns problemas. Por exemplo, o segundo dia do Fenart traz duas obras incríveis, uma apresentada e outra exibida às 20h. A primeira é o espetáculo de dança “Revoada/Trama”, da Cia de Dança Cisne Negro, de São Paulo. A Cisne Negro completa 33 anos este ano e traz para João Pessoa este espetáculo que tem coreografia de Gigi Caciuleanu, um dos mais criativos coreógrafos da dança contemporânea. A segunda é o documentário em longa-metragem “Utopia e barbárie”, de Silvio Tendler. Um road movie histórico que busca reconstruir o mundo a partir da II Guerra Mundial. E aí, pego a rampa direita ou a esquerda do Espaço Cultural?

http://www.cisnenegro.com.br/

http://www.utopiaebarbarie.com.br/site/

Hermeto Pascoal e Osquestra Sinfônica da Paraíba


Sivuca é o homenageado desse Fenart 2010. O festival está só começando, mas creio que um dos pontos altos dessa homenagem tenha sido a apresentação de Hermeto Pascoal e da Orquestra Sinfônica da Paraíba, que ocorreu neste domingo, 23 de maio, às 21h. Hermeto tocando Sivuca é como aquela técnica artística do “trompe l’oeil” (literalmente, engana o olho), que cria uma ilusão de ótica, dando a impressão que vemos o que não vemos. É que lá era Hermeto, mas também Sivuca!!

Hermeto Pascoal, é compositor, arranjador e multi-instrumentista brasileiro, nasceu, no dia 22 de junho de 1936, em Olho d’água, Alagoas. http://www.hermetopascoal.com.br/biografia.asp

Sivuca nasceu Severino Dias de Oliveira, no dia 26 de maio de 1930 em Itabaiana, na Paraíba, e faleceu no dia 14 de dezembro de 2006, em João Pessoa. Era instrumentista, arranjador e compositor.

http://www.sivuca.com.br/

Fenart 2010


O Cítrico não é um blog de cobertura jornalística, mas de comentários despretensiosos sobre cultura e, sobretudo, cinema. Por isso, peço licença aos meus leitores, pra abrir uma exceção para o Festival Nacional de Arte - o Fenart 2010, que acontece dos dias 23 a 29 de maio, no Espaço Cultural da Paraíba, em João Pessoa. Mas, já adianto que não pretendo fazer uma cobertura no sentido de abarcar todos os espetáculos, exibições e oficinas do Fenart, que inclui teatro, dança, literatura, artes visuais, cultura popular, cinema e vídeo. Isso seria trabalho pra uma equipe extensa e como eu não tenho o dom da onipresença e tenho um lado totalitário bem aguçado, vou escrever apenas sobre os eventos como os quais eu mais me identifico. Me desejem boa sorte... Obrigada!!