quarta-feira, 10 de março de 2010

Estômago e a potência de revirada (1° parte)


O filme Estômago (Brasil/Itália, 2007), do diretor Marcos Jorge, tem na reviravolta um forte elemento da estrutura dramática. A reviravolta ou peripécia é, para Aristóteles, uma “mudança das ações ou dos que agem em seu contrário”. E é isso que ocorre em Estômago.

O filme se inicia com Raimundo Nonato (João Miguel) contando a história do surgimento de um queijo nobre. O sotaque marcado já denuncia a origem nordestina do personagem. É a partir desse momento que o estereótipo do nordestino vai sendo formado. A própria atuação do João Miguel reforça essa imagem do nordestino como pobre e submisso.

Quando tudo caminhava pro lugar comum, nos é apresentado um outro Nonato, o dos acessos de violência. Mas ainda assim não vislumbramos o lado astucioso do personagem.

Ele já se mostra um excelente cozinheiro, mas ninguém imaginaria que ele se utilizaria do seu dom culinário para exercer o poder. E Nonato vai fazendo isso aos poucos, ainda preservando um ar de ingenuidade, até chegar ao desfecho e à grande reviravolta: quando ele envenena Bujiú (Babu Santana), preso que chefia a cadeia e pensa deter o poder sobre todos.

Neste momento, nos deparamos com um personagem completamente diferente do que nos foi mostrado no princípio da trama. Em outras palavras, há uma reviravolta e um reconhecimento (passagem do ignorar ao reconhecer) bem no estilo grego.

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