
A
linguagem concisa, certeira e a narrativa com estilo próximo ao
cinematográfico, deixaram gerações de rebeldes com uma, muitas ou nenhuma
causa, esperando que On the Road ganhasse vida, som e imagem de cinema. Faltava
alguém disposto a aceitar o desafio! E foi Walter Salles quem topou a parada de
narrar a história de Sal Paradise (Sam Riley), um aspirante a escritor de Nova
Iorque que, após a morte do pai, conhece o ex-presidiário Dean Moriarty (Garret
Hedlund) e resolve colocar o pé na estrada junto com ele.
O
filme de Salles foi exibido ontem na 65° edição do Festival de Cannes e tem
dividido a opinião dos críticos. Alguns, como Rodrigo Fonseca (jornal O Globo),
consideram que a adaptação do romance de Kerouac revela a fase mais madura do
diretor brasileiro pela composição dos planos e o trabalho junto aos atores
jovens para garantir a dose de rebeldia que a obra exige. Para ele, Salles
conseguiu fazer um filme carregado de suor, adrenalina e, sobretudo, tesão.
Marcelo
Miranda (jornal O tempo), por sua vez, considerou que o longa colocou as coisas
demais no lugar. As imagens são belas, os planos estão bem posicionados, mas,
segundo ele, Salles exagerou na assepsia, tirando a carga de sexualidade e subversão
necessária à obra. “O desenvolvimento da caminhada dos personagens, mesmo com
algumas ousadias e subversões do status
quo social (uso de
drogas, prática de sexo grupal, abandono familiar), não transmite o ardor
dessas situações.”
O
único aspecto do filme que tem alcançado certa unanimidade é a atuação
surpreendente de Kristen Stewart, a mocinha insípida da série Crepúsculo, que
esbanjou sensualidade, suor e cabelos desarrumados para virar a musa da
rebeldia. E é bom que seja assim, porque unanimidade demais quando se trata de
uma adaptação de Kerouac é muita monotonia pro veneno beatnik.
(Parte do texto foi publicado no Correio da Paraíba, na edição de 24 de maio de 2012)
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